O sistema de transporte coletivo de Teresina (PI) enfrenta mais uma paralisação a partir desta segunda-feira, 12 de maio de 2025. Motoristas e cobradores de ônibus iniciaram uma greve por tempo indeterminado, após o fracasso nas negociações entre a categoria, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) e o poder público.
Logo pela manhã, foi registrado um grande número de pessoas aguardando ônibus e vans — estes últimos operando como transporte alternativo credenciado pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans). A greve afeta diretamente milhares de usuários que dependem do sistema diariamente.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro), a categoria reivindica reajuste salarial e melhorias em benefícios como vale-alimentação e plano de saúde. As negociações estão estagnadas desde o início do ano.
“Quero começar pedindo desculpas à população de Teresina. Iniciamos esse processo de negociação ainda em janeiro, buscamos diálogo com a Prefeitura, com o SETUT, tentamos de todas as formas evitar esse cenário. No entanto, não recebemos nenhuma proposta das empresas. Esperamos até o final do domingo por um posicionamento, mas nada foi apresentado”, declarou o presidente do Sintetro, Antônio Cardoso, em entrevista ao portal Meio News.
O presidente do sindicato também criticou a ausência de cumprimento da frota mínima por parte das empresas operadoras, destacando que a responsabilidade não é dos trabalhadores.
Na última sexta-feira (9), o SETUT informou que ingressou com medida cautelar na Justiça do Trabalho solicitando a circulação de 100% da frota nos horários de pico (das 6h às 9h e das 17h às 20h em dias úteis; das 6h às 9h e das 12h às 15h aos sábados) e de 89% nos demais horários e aos domingos.
No entanto, a Justiça determinou que 80% da frota deve operar nos horários de pico em dias úteis, e 40% nos demais períodos. O descumprimento da decisão implicará multa diária de R$ 50 mil, conforme determinação da desembargadora Liana Ferraz de Carvalho.
A recorrência de greves, a precarização do serviço e os impasses entre empresários, trabalhadores e poder público reforçam a urgência de um novo modelo de gestão para o transporte coletivo. A política de Tarifa Zero, já implementada com sucesso em diversas cidades brasileiras, como Maricá (RJ), Silva Jardim (RJ) e Paranaguá (PR), pode representar uma solução estrutural para crises como a de Teresina.
Ao retirar o lucro como eixo central do sistema e financiar o transporte como um direito social, por meio de subsídios públicos e planejamento integrado, é possível garantir estabilidade, previsibilidade e qualidade no serviço, além de valorizar os trabalhadores com contratos mais estáveis e transparentes. Mais que uma medida de gratuidade, a Tarifa Zero é uma política de mobilidade urbana que prioriza as pessoas e o bem-estar coletivo.